segunda-feira, 10 de outubro de 2011

A coragem das mudanças e a covardia da adaptação - Por Felipe Sandrin.

 Muda-se a foto, busca-se um novo espaço, altera-se tentando não alterar a essência. Procura-se um novo lugar: para redimir os erros, amplificar acertos, aprender sobre o que nos faz falta, sem notarmos o que, de tão fundamental, na verdade é dispensável.
Todos nós temos caminhos ligados, mas a natureza de se perceber independe daquela a nos permitir reclamar ou agradecer pelo que surge em tal caminho: quem usa da sombra de uma árvore dificilmente se pergunta quem a plantou.

É por isso que mudamos, não é somente uma questão de adaptação com o meio, mas com nós mesmos. Adaptar-se a determinadas situações é aceitar o que não nos parece possível mudar, e quando finalmente nos acostumamos às coisas, aparentemente, imutáveis, passamos a achar mais fácil simplesmente descartar o que um dia foi nossa prioridade.

Eu gostaria de entender melhor os covardes, entender a realização que os convence a ter tanto medo de mudanças, de assumir riscos. Onde moram as certezas destes que tentam convencer outros com a boca enquanto seus olhos negam tudo o que dizem?
Digam-me vocês: a vida se mede no que se diz ou no que se faz? Devemos aceitar o adeus das palavras, ou abraçar o "fique comigo" que brilha no olhar?

Eu gostaria de entender melhor os corajosos, mas esses são bem mais difíceis de achar. Onde encontro aqueles que nadam contra a maré? Aqueles que, não importa o que ouçam, sabem quando o não significa sim, e assim lutam até o fim por aquilo que julgam a verdade a ser revelada. Onde estão?

No decorrer do tempo o homem deu amostras do seu poder de adaptação. Fazendo isso muito bem, a ânsia de sobrevivência corre em nossas veias. Porém, também junto a nossa história, residem às claras demonstrações que a felicidade passa longe de ser um objetivo, por isso, se torna tão mais fácil aceitar a sobrevivência do que lutar por algo que poderia nos fazer tão mais realizados.

É por isso que pintamos a casa, compramos um cachorro, ou mesmo decidimos ir embora. Não é somente para começar uma nova vida, mas para não aceitarmos a frágil sensação de vermos apenas se repetir tudo o que fizemos e passamos.
Todos sabem quando chega o momento de mudarmos algo importante em nossas vidas, mas nem todos sabem da força que possuem.

Texto escrito por Felipe Sandrin no Jornal Serra Nossa do dia 07/10/11

Beijo, C.

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