quarta-feira, 31 de julho de 2013

Frases de um livro maravilhoso - História do Cerco de Lisboa.


"(...) Primeiro caso o da imperfeição dos sentidos, da influência dos preconceitos e paixões, do hábito de julgarmos tudo segundo ideias adquiridas, da nossa insaciável curiosidade apesar dos limites impostos ao nosso espírito, da inclinação que nos leva a encontrar mais analogias entre as coisas do que as que realmente têm. No segundo caso, a fonte de erros vem da diferença entre os espíritos, uns que se perdem nos pormenores, outros em vastas generalizações, e também da predileção que temos por certas ciências, o que nos inclina a tudo querer reduzir a elas. (...) O terceiro caso, o dos erros de linguagem, o mal está em que muitas vezes as palavras não têm qualquer sentido, ou têm-no indeterminado, ou podem ser tomadas em aceitações diversas, e por último os tantos erros dos sistemas que não acabaríamos nunca mais se começássemos a enumerá-los aqui".

"Um homem sempre deve ir completo aonde o chamem, não pode alegar "- Trago aqui esta parte de quem sou, o resto atrasou-se no caminho".

"Hoje é o primeiro dia do resto da tua vida, deveria, claro está, mostrar-se severo, não é bom que as coisas acabem por resolver-se sempre à última  hora, precisamos de trabalhar com margens de segurança maiores (...)"

" (...) Ao menos por um tempo, até não se poder resistir à evidência inapagável da mudança, então vai-se ao tempo que passou, que só ele é verdadeiramente tempo, e tenta-se reconstituir o momento que não soubemos reconhecer, que passava enquanto reconstituíamos outros, e assim por diante, momento após momento, todo o romance é isso, desespero, intento frustrado de que o passado não seja coisa definitivamente perdida (...) Se é o romance que impede o homem de esquecer-se, ou se é a impossibilidade do esquecimento que o leva a escrever romances".

"(...) E é neste instante que ao espírito vazio lhe acode uma ideia para ocupar este seu dia livre, algo que afinal nunca fizera na vida, não têm razão aqueles que se queixam da brevidade dela, se não a aproveitaram como lhes foi dada".

"Pois a palavra, qualquer, tem essa facilidade ou virtude de conduzir sempre a quem a disse".

"- Até agora tenho conseguido ser Raimundo Silva
- Ótimo! Então veja se consegue aguentar-se como tal, no interesse desta editora e da harmonia das nossas futuras relações.
- Profissionais.
- Espero que não lhe tenha passado pela cabeça que pudessem ser outras.
- Limitei-me a completar a sua frase, é dever de um revisor sugerir soluções que evitem ambiguidades, tanto as de estilo como as de sentido.
- Imagino que sabe que o lugar ambíguo é a cabeça de quem ouve ou lê.
- Principalmente se o estímulo lhe veio de quem escreveu ou falou.
- Ou se se pertence ao tipo dos que se autoestimulam.
- Não creio que seja esse o meu caso.
- Não crê?
- Raramente faço afirmações peremptórias."

Frases retiradas do livro História do Cerco de Lisboa, escrito por José Saramago.
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Beijo, C.

terça-feira, 30 de julho de 2013

Dois engradados de lembranças - Fabricio Carpinejar.



"Trinta e sete anos resultaram em vinte e quatro caixas.

Meu amigo Daniel Scola empacotou sua vida para casar. Mudou-se para casa nova com a namorada Gaby.

Tudo o que viveu entrou em vinte e quatro caixas, tudo o que economizou, tudo o que recebeu e ganhou, tudo o que não soube jogar fora, tudo o que é.

– Eu sou vinte e quatro caixas! –, ele me repetia.

Scola estava feliz, porém ainda inconsciente da própria felicidade, ainda com o riso atrasado.

Experimentou a solidão de descer todos os livros, CDs, objetos para o frete.

Não deixou ninguém ajudá-lo a embrulhar suas coisas. Era um ritual de passagem. Foi se despedindo do passado, das lembranças do colégio, dos amores antigos, das tristezas, das medalhas, dos boletins.

Suspirou, bocejou, gargalhou como se fosse louco, absolutamente desacompanhado.

Viajava longe sem sair do lugar. Lembrar é viajar com a roupa do corpo. Os braços doeram, as costas doeram, as pernas doeram pelos sucessivos deslocamentos imaginários. Estar em vários tempos dentro de si cansa.

Mas não abdicou de realizar o translado sem ninguém. Ninguém mesmo. Nem parentes nem amigos. O corpo precisava acompanhar a exaustão da mente.

Urgia superar o passado antes de se virar para frente. Quem se casa depende de um momento sozinho com seus fantasmas.

Organizou seus pertences com a obsessão de um bibliotecário, marcando o conteúdo com hidrocor, isolando o papelão com fita.

– Sou vinte e quatro caixas – ele buscava se convencer.

Assim como concluímos, quando jovens, que a festa tinha sido boa pelo número de cervejas que bebíamos, Scola não parava de se gabar das vinte e quatro caixas.

– Minha vida consumiu dois engradados de lembranças, não foi mal, hein?

Quando ele colocou as bagagens reunidas na sala, disse que agora pediria ajuda para Gaby.

– Cansou?, perguntei.

– Não, é que, quando ela me ajudar a abrir as caixas, ela entrará para sempre em minha memória, na minha infância, na minha adolescência, vai se infiltrar definitivamente em minha história. Vou mostrar as fotos, explicar o que são meus objetos de estimação, perguntar onde podemos colocar. Não serei mais solteiro para recordar.

Daniel Scola descobriu que se mudar é guardar sozinho para abrir a dois.

E, no final, arrebentar as caixas e desistir de separar as vivências. Nunca mais saber o que é dele ou dela."

- Texto escrito por Fabrício Carpinejar.

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Beijo,C.

domingo, 28 de julho de 2013

O que esperamos da vida

Leia ouvindo:

O sol se pôs e eu achei que até mesmo ele pudesse durar pela eternidade.
Movidos de momentos, vamos sobrevivendo, ás vezes nos sentindo como soldados em um exército de um homem só. Ás vezes a gente sente o peso do mundo, a demora e dificuldade da vida. Faz parte, tão humanos que somos esses dias também existem.

Antes do sol se pôr, eu caminhei sob ele e agradeci pela minha vida e por tantas coisas que tenho vivido. Depois que o sol foi embora e no lugar dele estrelas tomaram conta do céu, eu fiz pedidos. Renovei a minha esperança e até conversei com a lua. Mais alguém aqui já se atreveu a fazer isso? Parece bobo, mas eu acredito na magia que envolve a imensidão azul - de noite ou de dia.

Arriscamos o pedido, agradecemos por algo. E vivemos de eternas esperas: das possibilidades, da esperança, da mínima chance de acontecer e também da esperança que tudo aconteça. São cartas apostadas. É como um jogo: pensamos nas probabilidades, tentamos adivinhar as próximas rodadas, mas é impossível prever o futuro - já que este só a Deus (o próprio de cada um) pertence.

Porém em qualquer pedido que se arrisque, concretize-se ele ou não, pensamos ainda assim que aconteça aquilo que melhor nos apeteça. Jogamos cartas com o destino e nesse jogo fazemos a aposta mais importante das nossas vidas: o futuro que desejamos ter.

Como se sabe, tudo acontece por uma razão-nada-aparente, pois esta nós apenas descobriremos a longo prazo. Quem faz as honras é o tempo.

Se pôs o sol e em seu lugar veio a lua e estrelas. Façamos os nossos pedidos.



Boa semana!
Beijo, C.
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domingo, 21 de julho de 2013

Fatores do frio


(Música de inverno)

Eu moro em um lugar frio. Na verdade o último verão teve temperaturas acima da média, porém o inverno está com as temperaturas condizentes.

Viver e conviver com o frio tem lá as suas complicações: sair de casa muito cedo e sair de casa muito tarde. A maior vontade é estar embaixo das cobertas ou em ambientes com calefação. Vivemos até mesmo dias inteiramente frios, com temperaturas praticamente negativas 24 horas. São várias camadas de roupa, cachecóis, toucas, luvas e sapatos bem fechados. Até ai tudo bem, depois de se "empacotar" bem, aí saímos de casa e vamos viver, afinal de contas é só a temperatura que diminui. Os compromissos de trabalhar, estudar, etc, seguem os mesmos. E, sim, a gente sobrevive!

Porém eu acho que a carência fica em evidência. Todo mundo quer um calor humano, alguém pra ficar juntinho nessas noites horripilantemente frias. No verão não se lembra de nada disso, né? É só curtição, carnaval, juventude e o emblema: Quero aproveitar muito! É o desapego no ar. Sim, pois cada estação desenvolve o seu slogan.

Então para os solteiros, provavelmente no verão surgirá alguém. Quem sabe seja até mesmo naquela semana fatídica, aonde a 'regra' é dos solteiros: o carnaval. Será que vão se lembrar do inverno? Do quanto que desejavam estar próximos de uma pessoa nos dias mais frios do ano? Pois é, o surgimento do amor não segue a regra das estações e é bem provável que este surja quando o que mais se quer é estar solteiro.

Além da carência, eu acho que a menor incidência de luz natural (o sol) sob o nosso corpo acaba nos deixando mais deprimidos, com pensamentos não tão frutíferos como aqueles que temos quando a estação é verão - ou nem precisa ser verão, mas o tempo quente.

E por último, porém não menos participante, vem a preguiça. Aquela vontade de fazer exercícios ao ar livre, uma caminhada ou corrida vão por água abaixo. Ao não ser que o seu sangue seja muitooo quente e você tenha a coragem de encarar um dia geladíssimo e cheio de roupas. Muitas pessoas engordam no inverno, seja pela falta da prática de exercícios, seja pela grande fome que o inverno trás. Esse último item eu acho normal, só que não dá pra exagerar... Comer mais no inverno faz parte, afinal de contas o nosso corpo também gasta mais energia para manter a temperatura corporal.

Sejamos positivos: o amor vai aparecer - e durará pelo inverno e verão -, novos dias ensolarados chegarão, os quilos vão diminuir depois de o frio for embora. Enquanto isso, vivamo-o, afinal de contas as estações são isso: estações - um período, momento. Elas começam e terminam, terminam e recomeçam.



Boa semana pra você que vive em um lugar muitooooo frio (e aos que não vivem... também!!)

Beijo, C.
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A vida que você escolheu - vídeo.

Essa semana me mandaram um vídeo inspirador! Compartilho agora com vocês:

Quanta vida pode haver em uma vida só, você já se perguntou?
Você vive quando apenas abre os olhos e respira. Ou quando não perde aquela chance. Vive quando larga tudo e começa uma nova ideia, quando consegue começar de novo. Vive para ser maior, indo mais longe, vive mais tempo. Porque mais importante que chegar, é a vontade de partir.

Você vive quando sai de casa sem um suéter e vem o frio. Ou quando acha que vai chover e faz calor.
Vive quando desses pequenos enganos, você consegue um sorriso e se dá de presente. E assim fica ainda mais cheio de motivos para viver.

Você vive quando entende que vive melhor quando vive junto. E ai compartilha, divide, cuida.
Você vive quando conhece aquela pessoa e por ela você atravessa ruas e continentes. Vive quando nunca cruza os braços.

Você vive quando um se torna dois e vocês se tornam três. E ficam cheios de uma vida totalmente nova.
Vivemos quando redescobrimos o amor: O amor próprio, o amor ao próximo.
Tem gente que vive só quando o sapato aperta, outros só quando os pés saem do chão.

Tem gente que vive pra mudar o mundo. E tem aquele que gostaria de mudar o mundo só pra não mudar nada, e viver ali - quietinho.
Tem gente que espera pela vida, tem gente que vive correndo atrás dela, e tem aqueles que criam em cada respiração, no suor e no sangue, nos sonhos que jamais deixam morrer.

Você vive quando entende que viver é um movimento que nunca para. Porque, afinal, no dia em que ele enfim parar, você não precisa mais se preocupar com a vida.


Fica a inspiração e motivação para a semana!
Um beijo,
C.
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quinta-feira, 18 de julho de 2013

Nós, pré-conceituosos.


Também sou rendida aos preconceitos, confesso. Aliás, duvido que exista no mundo quem não faça uma pré-conceitualização de algo.

Para quem ainda não entendeu, preconceito não é somente aquele preconceito contra a cor da pele, a opção sexual ou pessoas deficientes. Falo do preconceito em geral - até daquele em que não escutamos tal banda por achar que ela não é boa, ou que as músicas são agressivas, enfim. Mas vem cá, como poder dizer isso se nunca escutou a banda? Pois é. Isso também é um preconceito.

Eu sei que tenho vários, e a cada dia que passa tento me policiar pensando o contrário. É claro, para quebrar um preconceito eu tenho primeiro que arriscar e ver, provar. SABER. Sendo o preconceito um "pré-conceito", isso significa que é feito um conceito sem conhecimento - suficiente.

Vou confessar um preconceito meu: Ás vezes duvido da capacidade de certas pessoas. O meu pensamento: "Ah, ela é muito nova. Não deve ter nem noção do lugar onde pisa". Então, após a minha pré-conceitualização, a pessoa, que mesmo sendo nova, dá um show e acaba deixando o meu pensamento no chinelo. Situações do tipo. Isso é muito feio, sempre digo a mim mesma. Mas são essas quebras de "paradigmas" que fazem com que eu me policie e aprenda a deixar de duvidar da capacidade de algumas pessoas.

A quebra de paradigmas pode ocorrer a todo instante, porém, não sei exatamente porque, eu acho que viajar é uma ótima forma de ver que o mundo é mesmo muito diverso e que manter a cabeça sempre fechada nas mesmas ideias pode fazer da vida um lugar muito sem-graça (não encontrei outra palavra). Sim, já falei em outros textos sobre como viajar é maravilhoso. E acho que a parte mais interessante em uma viagem é justamente a diversidade cultura do mundo.

Todos nós temos preconceitos - desde aqueles pela cor da pele, etnia até os gostos musicais, as bandas, o paladar, enfim. Mas não serão os nossos pré-conceitos que irão nos definir... Muito pelo contrário: Será a forma com a qual lidamos com eles. Isto é: Se deixaremos que eles definam quais lugares iremos, quais pessoas manteremos por perto... Ou se decidiremos que nós devemos ter conhecimento para quebrá-los. Como sempre, a escolha é nossa!

Beijo, C.
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terça-feira, 16 de julho de 2013

#futuro






Imaginar o que pode surgir no futuro faz bem. Ás vezes, a partir de uma oportunidade que surge, automaticamente a gente viaja para anos que estão bem longe daqui. E começam os pensamentos do que poderia acontecer como consequência daquilo pelo que se optou. A estrada parece maravilhosa (é claro que devemos imaginar sempre coisas boas, ainda mais para o nosso próprio futuro). Fica aquela frase que começa com "Imagina se... E se acontecesse também...". Enfim, a vida se consolidaria, tantos sonhos se tornariam reais.
Só o que o futuro é incerto. Zelo pelos meus desejos e pela imaginação que faço nessas projeções futurísticas. Quem sabe aconteça exatamente desse jeito, ou então a vida vai surpreender outra vez e me levar nos caminhos que também realizarão tais sonhos, mas de uma forma diferente do que o jeito que as imagino. É, futuro! Eu jogo as minhas cartas, faça o seu melhor!


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domingo, 14 de julho de 2013

E os sonhos se tornarão realidade.


Encerro essa semana ouvindo S.O.J.A. Mais precisamente uma música que me passa calma. Amo o som de violino! Trata-se da canção "You and me."

Eu acho que em cada instante que vivemos, a vida vai nos apresentando lições. Um dia - talvez ao fim da vida - serão todas elas reunidas demonstrando para o que serviu a nossa vivência.
Melhor imaginar isso como um livro: Cada momento que vivemos é como um capítulo que, ao terminar de ler toda a obra, teremos a evolução de uma história. Eu gosto de imaginar a vida desse jeito. Acho que todo mundo busca um sentido por ter nascido, mas acho que só o descobriremos verdadeiramente quando esta obra estiver completa.

O final de semana veio acompanhado de novas lindas lições. Mais uma vez meus olhos ficaram impressionados, estavam tentando traduzir tantas imagens em pensamentos. E eu, com esses pensamentos, tentei passá-los para o papel. Pois é, mas eu acho que nem consegui ser fiel ao que eu sentia nas palavras que escrevi.

Estou contente, porém fiquei um tanto sensibilizada com algumas histórias que ouvi. O mundo é realmente muito diverso, e é sensato saber que a maior parte das pessoas que vivem nele possuem tudo nos conformes para fazerem da própria vida um espetáculo, e ainda assim isso não ocorre. Aí você conhece alguém que teria tudo para desanimar, e acaba superando todas as adversidades e faz da oportunidade que teve de viver algo magnífico. Eu admiro e me inspiro. Acho que presenciar tudo isso acaba fazendo com que eu valorize ainda mais a minha vida.

Sejamos mais conscientes daquilo que nos cerca. Sejamos mais humildes e complacentes diante das adversidades. A vida é boa, simples e perfeita - mesmo que hajam tantas imperfeições. Se soubermos valorizar aquilo que temos e soubermos lutar por aquilo que sonhamos, então perceberemos que podemos nos transcender e inspirar aqueles que quiserem tomar conhecimento daquilo que somos.

Alcançar o que almejamos pode nos exigir um esforço colossal, mas tenham a certeza de que vale a pena. Nada será valorizado se não tivermos que lutar para conseguir. Sim, sonhos são alcançados, mas devemos nos colocar à disposição do risco e da luta.

Boa semana.
Beijo, C.
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Rest In Peace, Cory Monteith.

Comovida e surpresa demais com a notícia do falecimento de Cory Monteith, resolvi fazer uma foto-montagem com uma citação que encontrei dele em um site famoso.

Descanse em paz, Cory! Você foi um ator brilhante e maravilhoso! Fará muita falta em Glee :(


quarta-feira, 10 de julho de 2013

A última vez que você fez algo pela primeira vez


Não encontrei título melhor para expressar e clarear a experiência que vivi hoje.

Primeiro comento um pouco sobre a frase titular. Eu acredito que deveríamos nos fazer essa pergunta todos os dias - melhor ainda que fosse logo depois de acordarmos. A primeira resposta-pronta: A última vez que fiz algo pela primeira vez foi ter vivido o dia 10 de Julho de 2013 - este com certeza não mais voltará assim como os outros dias que já vivemos. É necessário uma resposta mais composta, digna de pessoas que realmente apreciam o fato de estarem vivas.

Fazer uma lista - nem que seja só mental - das coisas que se deseja viver pode ser uma boa ideia. Com certeza o universo estará prestando atenção aos seus pensamentos.

Então sigo o texto com a parte em que eu digo algo o que hoje fiz pela primeira vez: fui guia de um cego. A sensação? Felicidade e cumplicidade.
Cada dia é um aprendizado novo e maravilhoso. Hoje foi a vez de servir de olhos para outra pessoa. Já disse como trabalho voluntário/filantrópico engrandece o coração, faz a palavra viver ter mais sentido, mas ajudar, talvez por um breve momento durante um dia, uma pessoa que possui alguma deficiência também engrandece o coração de quem ajuda. Eu acho que são essas atitudes que tornam o mundo um lugar melhor de se viver.

Todo dia viva algo pela primeira vez (:
Beijo, C.
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terça-feira, 9 de julho de 2013

Aquela terça-feira


Eu desligo as luzes: "- Quer que eu deixe ligada?"
"- Não precisa, não, Carol."
"- Tá certo. Até amanhã."

E vou embora. Por eventualidade hoje já é noite - esse é o porque de ter levado em conta as luzes ao sair, se não o recinto sempre se rega às luzes solares.

Terça-feira corriqueira. Não vi o dia passar. O que lembro é dele nascendo, e então quando dei por mim já era noite. A cidade já acendia as suas luzes públicas.
Todos os dias eu imagino o que existe em lugar da escuridão de quem não pode mais enxergar, não sendo esta a claridade, eu acho que deve ser a imaginação.

Acordei atrapalhada. Justo de madrugada, no meio de um sonho maravilhoso, o meu celular apitou e tudo o que o meu inconsciente havia criado se desfez.
Confesso que com a interpretação que fiz daquilo que sonhei, acabei acordando triste - junto à isso o cansaço remanescente do dia anterior. Muito embora, sol cativante- um dia convidativo para liberar a alegria interior. Nas primeiras horas da manhã, não foi o que aconteceu. Afinal de contas, dias assim também existem e temos de vivê-los.

A tarde foi melhor. Novamente me cerquei das perspectivas e circunstâncias que estou vivendo atualmente. Essas coisas parecem não ter bis. Parecem cair como uma luva, simplesmente a oportunidade certa chega a pessoa certa. E isso foi o que voltou a ser a minha alegria de viver hoje. Esse pique juvenil, sendo capaz de resolver três assuntos ao mesmo tempo... 15 anos é muito cedo, 25 talvez seja muito tarde. Dezoito, dezenove ou vinte anos é o ideal.

Confesso que as pálpebras estão pesando, sinto um princípio de dor de cabeça... Mas o pensamento mais grandioso que me cerca é que isso é viver, ralar, crescer. Passar por experiências que com certeza estão constantemente a modificar-me.

Eu desligo a luz. Não me importo de ter de ficar além do tempo, é que realmente as horas que ali dispenso não sinto passar. É tão rápido! E a minha única promessa é registrar cada momento e cada experiência, cada sorriso e detalhe. A minha única promessa é levar isso adiante em minha vida, construir uma sociedade melhor a partir das experiências que estou vivendo.

Boa noite leitores do #demc.
Beijo, C.
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domingo, 7 de julho de 2013

A beleza é um contraponto

Leia escutando:



O que apaixona de verdade são os detalhes.

Acho um tanto difícil escrever e criar uma opinião sobre o conceito de beleza - aquela que supostamente é a responsável por nos atrairmos por certas pessoas, aquela que supostamente é a responsável por outra pessoa nos chamar a atenção.

O dicionário nos diz que a beleza é uma experiência, um processo cognitivo mental ou espiritual relacionado à percepção de elementos que agradam de forma singular aquele que o experimenta. Não existe um padrão. O que é lindo para mim pode ser horroroso para você e vice versa.

A beleza é singular e também um conjunto, ela vai além de um rosto bonito.
Eu diria que a nossa aparência é um cartão de visitas, é o primeiro diferencial para que outra pessoa nos veja de forma diferente em meio aos nossos semelhantes. Porém ela não é a mais importante.

Confesso que até a algum tempo atrás admirava e me deixava envolver por rostinhos bonitos. Acho que é muito normal quando o momento se chama adolescência e a idade é propícia à cara, não ao conteúdo. Confesso meu erro, pois por tal motivo hoje redescubro garotos que teriam valido a pena se não fosse o jeito errado que eu tivesse os percebido.

Ao conhecer um garoto hoje, vou logo aos detalhes. Depois de saber o nome, quero descobrir quem é ele. E nisso tudo vou encaixando as perguntas que mais me encantam. Já não é a perfeição do rosto e do corpo, mas sim a beleza das palavras, gestos e pensamentos. Sendo isto de uma forma bonita, a pessoa acaba tendo o resto como lindo também. Eis ali montada e exposta a sua beleza.

Talvez devêssemos estar com uma venda nos olhos - ficarmos iguais aqueles que são cegos - ao nos apaixonarmos por alguém. O rosto e a aparência não teriam relevância, só o tom de voz, as palavras ditas e a energia transmitida.

Boa semana!
Beijo, C.
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quinta-feira, 4 de julho de 2013

Curiosidade construtiva


Quando mais nova vi uma palestra na televisão em que o apresentador dizia que nós deveríamos ter em nossa essência humana a mesma essência dos cães: Sempre estarmos prontos para um novo passeio. Ou seja, que deveríamos despertar a curiosidade, a vontade de conhecer o novo.

Porém a curiosidade pode possuir as suas vertentes. Falo primeiro sobre a "curiosidade destrutiva": Há aquele que queira se beneficiar, tirar proveito de má fé naquilo que ouve, descobre e fica "cheretando". Aqui se encontram as pessoas que querem saber da vida do outro pra saber se está melhor que a sua, se ganha mais, se casou com quem e porque. Enfim, curiosidade vazia, apenas para ostentar ego e inveja.

Por outro lado, existe a curiosidade construtiva. Nessa todos os "curiosos" são como os cães: Estão prontos para a novidade, para apreciar novas perspectivas, para abandonar velhos paradigmas e se inserir em um contexto diferente. Claro, esse também se beneficia daquilo que passa a conhecer, mas a sua curiosidade não é para ver se alguém está melhor de vida, de finanças, de relações conjugais e estabelecer uma comparação. Esse interesse por novidades é de boa índole, ouve um pouco de tudo e só guarda para si o que realmente faz diferença e engrandece. Quando um curioso-construtivo vê algo novo, sabe qual a pergunta que internamente se faz? "O que/Como isso pode melhorar/mudar a minha vida?".

Existe também a curiosidade do "Como seria se eu...". Aqui entra a questão da empatia - a nossa capacidade de nos colocarmos no lugar do outro.
Confesso que a minha curiosidade em saber como é viver sem ver sempre foi grande, e já que agora tenho a oportunidade de tentar entender como isso funciona, hoje arrisquei uma pergunta à um dos deficientes visuais que trabalha comigo:

"Faz diferença a luz desligada ou acesa?"

A resposta foi não. Sabe porque perguntei isso? É que tentei saber se a cegueira funciona como o "escuro" habitual. Se você fechar os olhos e deixar a luz acesa ainda haverá claridade acima das pálpebras. Se desligar a luz, a claridade some e você sabe disso. Faça a experiência. Para quem é cego não existe mais dia ou noite, luz do sol ou o brilho da lua. É um blackout total.

Para mim tal curiosidade foi construtiva. Muito embora isso não se aplique à minha vida neste momento, ao menos passo a dar-me por conta que me colocar no lugar deles é muito mais difícil que pensei. Engrandeço-me a saber que apesar de não haver mais a definição do dia e noite por meio da luz, assim mesmo é possível sobreviver e levar uma vida quase comum.

"Sejamos como cães", foi o que ouvi aquela noite, "estejamos sempre prontos para um novo passeio. Estejamos sempre prontos para conhecer coisas novas e fazer com que estas nos engradeçam como ser humano."

Beijo, C.
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quarta-feira, 3 de julho de 2013

Todo cego tem uma história


(...) Eu quero compartilhar a história de todos eles e o momento aonde a história deles e a minha se encontram.
Talvez eu deva partir do princípio que não foi o acaso que me levou a estar compartilhando a minha vida com a deles - ou a vida deles com a minha. A bem da verdade eu acredito que nada do que vivemos seja por acaso, mas enfim. 

Em 2012 fui aceita para trabalhar em uma associação que prestava acompanhamento pedagógicos, terapêuticos, psicológicos e fonoaudiológicos para pessoas com Síndrome de Down. Crianças, adultos e adolescentes com Down fizeram parte do meu dia-a-dia por mais de um ano. Acho que criei uma certa identificação na questão do assistencialismo e filantropia, muito embora estando na parte administrativa. Afinal de contas, a gente sempre acaba se envolvendo - seja pelo jeito deles que, de fato, é acolhedor, ou seja pela história que cada um tem para contar.

Após ter vivido tal experiência, constatei que nunca mais fui a mesma. Talvez isso seja parte integrante de vivências marcantes, e raras, por assim dizer. Como conselho para uma vida mais humana e sem escrúpulos e de simplicidade, eu diria que conviver com pessoas com tal deficiência é um aprendizado incomum e todos deveriam passar por isso. A vida engrandece, e o sentido desta também.

Então que, por ocasião do destino, agora estou trabalhando com pessoas cegas. E devo dizer que mais uma vez estou maravilhada com a experiência. Como explicar? Identifico-me com a situação, em saber como é levar a vida sem enxergar.
O mais próximo que cheguei em ter a experiência de estar cega foi naquela brincadeira de criança, sabe? A "Cabra cega". E também houve um dia na faculdade em que uma professora de gestão de equipes nos passou uma técnica em que eram formadas duplas e um integrante da dupla tinha que colocar uma venda preta para tapar 100% a visão e assim era guiado por outro. Mas e quando você é cego e não tem alguém para te guiar? Eis a dúvida.

Hoje um dos associados fazia-me companhia enquanto eu realizava algumas tarefas administrativas. A frase foi "Todo cego tem uma história".

"Me chamam de Morgan Freeman. Vou nas lojas e dizem que eu sou parecido com ele! Quando era mais novo eu era locutor em uma rádio de Porto Alegre.
Nos últimos anos, eu virei encanador e um dia desceu ácido da pia direto nos meus olhos. Fiquei cego. Sabe, filha, acho que nada é por acaso. Se tais coisas não tivessem acontecido, não estaria conhecendo a Carol hoje."

Beijo, C.

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