sábado, 30 de novembro de 2013

Tchau Novembro, Oi verão!


"Chega mais perto, você está voltando. Finalmente posso olhar para as nuvens e pensar na saudade que senti. Que bom estarmos tão juntinhos novamente. Ora, você sabe o quanto gosto de você.

Eu sabia exatamente quando te encontraria outra vez. Circundamos todo o resto do ano às espreitas um do outro. Vez em quando a temperatura aumentava, eu ficava pensando que você tinha voltado de vez.

Verão, o tempo passou. Você está chegando novamente, e eu aqui olhando para as nuvens, lembrando da última vez que esteve por aqui. Foi demais! Nunca te aproveitei tanto. Aliás, esse era um desejo antigo: Esse verão intenso e marcante chegou na hora certa, porém fruto de uma vontade antiga.

Eu mudei, sabia? Aliás, desde a última vez que você foi embora, umas ideias - também - antigas voltaram a circundar o meu pensamento. Sonhos que resolvi tornar realidade. Estou feliz com isso, acho que finalmente encontrei o meu lugar no mundo, e essa sensação é interessante!

Nem acredito que você está de volta... O que estará me reservando para esta temporada 2013/2014? Será você tão surpreendente quanto a versão passada? Eu espero que sim. Não sei de quais formas, mas espero ser muito mais surpreendida. É, eu entendo que você vai ter que ir embora novamente depois que solstício de verão passar. Legal essa palavra né? "Solstício". Pois é, aprendi ela enquanto você esteve ausente.

Ah, você está diferente também, verão. Parece mais "aconchegante". Sério, de verdade. Talvez você esteja crescendo, assim como eu.. "Amadurecendo", é o termo. É, também acho que nunca mais seremos os mesmos desde a última vez que você esteve por aqui. Se isso é bom? Sinto que sim. Verdade, crescer é estranho, causa sentimentos controversos e nos deixa mais velhos. Melhor fazer disso algo espetacular!

Chega mais, verão! Vamos arrasar juntos ;)"


Beijo, C.
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quarta-feira, 27 de novembro de 2013

É mais fácil ir embora do que ficar.


"Mais fácil que ficar é ir embora". (Shara Hasan)
Faz bem pouco tempo que li esta frase e passei a ser instigada por ela. Nunca passei por um momento divisor de águas em que uma mudança voluntária transformasse a minha vida, e que, por meio disso, tivesse que deixar uma boa parte da bagagem de minha rotina e do meu conhecimento escasso para trás, rumo a viver e enfrentar algo totalmente desconhecido.

Pois bem, ainda não vivi uma situação assim, porém tal frase veio a calhar nestas vésperas de fim de novembro e, consequentemente, final de ano. "É mais fácil ir embora do que ficar." Se não fosse irônico, seria engraçado decidir largar de vez algo que preenche boa parte do dia e, consequentemente, do aprendizado e das experiências singulares que 2013 me trouxe. O que eu estou tentando dizer é: Engraçado como um lugar parecia ser totalmente tão favorável e digno da nossa presença, levando em conta o quanto de entrega deixamos do nosso eu ali, e agora a ideia de sair disso, antes muito improvável, se tornou algo atraente.

O que mudou de repente? Será que o lugar nunca foi favorável de fato? Ou o lugar foi favorável enquanto eu o julguei de tal modo? Tudo depende da ótica com a qual decidimos observar, isso é fato.
Talvez o mais engraçado, de repente triste, sei lá, seja o fato de ir embora sem que hajam objeções. Me pergunto: "- Será que a gente é capaz de passar tão despercebido em um lugar?". E então me remeto ao pensamento do mundo mecanicista, no qual você vale pelo quanto é útil, não pelo carinho e envolvimento que você demonstra com algo. É estranho. Este post é estranho, essas conclusões também o são. E não quero tornar este texto depressivo! Afinal de contas, acho que estes dois tipos de tratamento - o ser "valorizado" e o não ser (pensamento mecanicista) - andam em equilíbrio, tudo depende de onde desejamos estar. Talvez, no fundo, seja por isso que, neste momento e nesta situação, esteja sendo mais fácil ir embora.
Se fiz a diferença para tal lugar, quem sabe um dia eu descubra. Se isso fará diferença no meu futuro? Eu acho que sim. A vida é muito rica e muito breve para que eu pense que passado e futuro não estejam interligados.

Um Beijo, C.
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segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Você ainda vive o ontem - Felipe Sandrin.


Aliás, também somos o ontem. O que fazemos, como fazemos, por quem e por que fazemos: somos o eco de um grito passado. Mas não passa, segue ecoando medos e alegrias, em um eterno reencontro com nós mesmos – se somos muitos.
Olhe para trás: o que você vê? Será que suas buscas mudaram tanto? O carrinho de brinquedo se tornou o carro de verdade, a paixão escolar que ensinou o simples de se apaixonar, os avós e amigos que já partiram mostrando que tudo passa, inclusive nós.
A luz do sol demora 8 minutos e 31 segundos para atingir a terra. Ou seja, se nosso sol se apagasse agora, somente depois de 8 minutos e 31 segundos sua luz deixaria de chegar a nós. A estrela mais próxima de nós – depois do sol – se chama Proxima Centauri e sua luz demora quatro anos para chegar até aqui. Quando olhamos para o céu noturno e vemos todas aquelas estrelas, mal imaginamos que talvez nenhuma delas ainda exista.
Ao longe avistamos um conhecido. Lembranças surgem. Para nós, aquela pessoa é a mesma que um dia conhecemos. Na verdade, nem nós somos os mesmos, há vários ‘eus’ em você. Como quando você se deita à noite disposto e pensando no dia seguinte, até que seu despertador toque e você não tenha a mínima vontade de sair da cama. O que mudou durante a noite? Que ‘eu’ você se tornou?
Nesta semana eu completei dois anos fora de Bento Gonçalves. Olhei para trás e percebi que tudo o que passei se repete, está aqui, andando comigo, martelando-me em dúvidas e recarregando minhas forças quando penso no que pode não dar certo.
“No fim tudo dá certo”’, eis uma máxima. Não sabemos bem o que é certo, o único fato do qual realmente temos certeza é de que algo acontecerá. É uma decisão que independe de nós. Pararmos para pensar não para o tempo.
Quando avistamos esse conhecido que fez parte de nosso passado, achamos reconhecê-lo, mas será que não estamos olhando para nós mesmos? Não seria essa somente uma ponte para o reencontro com um de nossos tantos ‘eus’?
Ao enigmático da vida cabem as frustrações. Queremos ser um: presente, passado e futuro. Mas somos vários. Cabem muitos ‘Felipes’ dentro do Felipe, porém, não cabe entendimento quando queremos convergir tantos ‘eus’ no eu.
E assim os dias parecem se repetir: e será que não se repetem? O que os difere? Seria a chuva e o sol? A um darmos o nome de segunda-feira e ao outro de domingo? São perguntas que parecem ilógicas, mas assim parecem devido à nossa limitação. Sim, somos limitados e vários. Se temos dúvidas até mesmo sobre que roupa iremos vestir, imaginem quanto a quem somos.
Ecos de vários gritos. Nossas buscas fúteis do dia a dia são defesas para as limitações do pensamento. E assim, por um momento, nos sentimos magníficos, até que outra parte de nós faça com que nos sintamos medíocres.
Sempre haverá um aluguel por pagar, uma parte da casa por decorar, um conhecido por reencontrar. Sempre doerá uma despedida e haverá esperança de em uma esquina acharmos alguém, alguém que apesar de desconhecido nos apresente ao mais vibrante de nossos ‘eus’.
Texto escrito por Felipe Sandrin, publicado no Jornal Serra Nossa em Novembro/2013.

domingo, 17 de novembro de 2013

Um daqueles momentos ímpares.


Há pouco tempo comecei a trabalhar em uma associação de pessoas com deficiência visual.
Por meio dela estive este final de semana participando do XVI Encontro Brasileiro de Usuários do DOS VOX. O público alvo, como já está presente no nome da associação que patrocinou o evento, eram cegos.

Qual foi a minha surpresa ou sensação de estar envolvida em algo do gênero? Primeiro uma grande surpresa, pois desde que me conheço por gente, eu nunca havia sonhado em estar convivendo com pessoas cegas.

Estar no congresso foi prazeroso. Como boa observadora deste surpreendente cotidiano, admirei os cegos que me cercaram. Talvez o que tenha enchido o meu coração de bons sentimentos foi ver a superação de cada um deles e a vontade dos "videntes"* em ajudar os deficientes visuais.

Eu já conhecia um cão guia, e neste evento houve o encontro de dois: O Rama (que eu já conhecia) e a Misty. Um belo casal de labradores!


Não pude me ater muito às palestras que estavam acontecendo, porém pelo pouco que pude prestar atenção, estamos a caminho de um mundo mais inclusivo e acolhedor. Acho que a maior prova disso foi ver que são os próprios cegos que estão indo a luta por seus direitos. E a superação é incrível. Não comento isso apenas por ter participado do congresso, mas também pelo tempo de convivência que já tenho junto a eles. Como exemplo, o meu chefe, deficiente visual, que viaja o mundo inteiro por meio de uma União internacional, a qual ele preside.

Todos os cases que foram expostos no congresso são de uma superação incrível, me ative a dois que pude prestar atenção. Cegos que quebraram o tabu da deficiência e foram atrás de seus sonhos. Acho que a maior mensagem é a força de vontade, que todos nós temos possibilidades de vencer se acreditarmos e lutarmos por algo. Se deficiências não são desculpas, muito menos deveriam ser nosso orgulho e falta de disposição e coragem.

Beijo, C.

*nome designado a pessoas que enxergam.

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Sensação do depois.


"Sinto-me estranho estando em casa", ele me disse. E esta foi a deixa para que eu começasse este texto. Responderia a ele "Sinto-me estranha por ter terminado a minha participação no congresso".

Trabalhar em um evento/congresso é como viajar, pensei após a finalização deste último que participei. Quando o público envolvido faz parte do país inteiro, é como conhecer várias partes do Brasil ao mesmo tempo. Quando o público envolvido faz parte do mundo inteiro, então a viagem fica mais enriquecida. Várias culturas misturadas ao mesmo tempo, em um só local, e você ai tendo a oportunidade de fazer parte de tudo isso.

Ele pegou o avião hoje, chegou em casa há pouco. Telefonou, estranhou estar em casa, o que é comum de acontecer quando nos ausentamos de um lugar - seja pelo pouco tempo que isso aconteça.
Não peguei um avião, não viajei. Passei apenas o dia inteiro fora de casa e estou com a mesma sensação que a dele. Mas há um porém: Não é estranho estar exatamente em casa. Estranho é ter vivido dois dias tão intensos, e, de repente, isso sumir. A sensação de perda é realmente algo a ser levado em conta.

Acredito que tudo isso seja um "mash" de ano acabando. Tão rapidamente, metade de novembro passou e a vontade é de que as coisas estão na hora de serem renovadas.

Ele, voltando para casa, eu, voltando para a minha vida rotineira. O ano, acabando. Quais surpresas ainda nos esperam?

Um beijo, C.


domingo, 3 de novembro de 2013

O barzinho do além-vida.

Há três anos ir ao cemitério, principalmente em dia de Finados, passou a ter um significado diferente para mim. Antes disso, eu ia por conveniência, ia porque mãe e pai diziam que eu tinha que ir, não porque me agradasse tal feito. Hoje, a escolha é minha e faço questão de estar lá, pois, seja a vida irônica ou não, vou lá justamente para visitar o suposto lugar em que meu pai descansa "fisicamente". Cemitério nada mais é do que um memorial físico, já que as verdadeiras memórias transcendem no sentimento.

Ao contrário do que se esperaria de alguém que vai ao cemitério para visitar alguém que muito amava, não sinto tristeza ao ir lá. Sinto uma energia negativa, é verdade, afinal de contas tal lugar se constitui basicamente de lágrimas derramadas e de despedidas.
Ir ao cemitério é como estar em uma roda de amigos, ao menos é o que sinto quando lá estou a visitar o memorial do meu pai. Inicio uma conversa mental com ele, contando tudo o que houve de interessante nos últimos tempos da minha vida e da família que ele deixou por aqui. Algumas lágrimas caem, é inevitável,  mas não por uma dor profunda ou tristeza específica. Isso passou. E no lugar disto, veio a nostalgia, a saudade. Nessa conversa acabo tendo para mim que poderíamos estar em um barzinho, o barzinho do além-vida, no qual, por mais que o tempo passe, continuaríamos em contato, sabendo um do outro e seguindo juntos, embora evidentemente separados. E nele comemoraríamos as coisas boas, os sonhos realizados, os lugares que conhecemos. Daríamos risadas e compartilharíamos o quanto inusitado é viver, e o quanto irônico é morrer.

A vida possui algumas vértices que fogem à nossa escolha. Quem ela escolhe para ir embora, sempre vai embora cedo demais, e nós aqui é que aprendemos a lidar com o nosso dia-a-dia sem mais ter certas pessoas por perto.

Sei que aproveitei a companhia do meu pai enquanto ele estava vivo. Mal sabia eu que existia a possibilidade de ele ir embora tão cedo. É claro que eu queria ter aproveitado muito mais, mas do pouco que me foi possível eu agradeço, pois talvez seja isso que me faça encarar o dia de Finados e as visitas ao cemitério como uma roda de amigos estando em um barzinho, pois assim éramos enquanto ele estava vivo.

Beijo, C.
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