sábado, 31 de maio de 2014

Goodbye adolescência


Muito embora já tenha tentado muitas vezes, continuo a ter esse hábito feio que é roer as unhas. Talvez um dia isso mude, ou quem sabe talvez eu esteja lá com os meus 60 anos, netos me bajulando, e as minhas unhas continuem sendo o meu ponto fraco. Hábito infantil que talvez se estenda até a minha velhice. Esse texto é sobre aquilo que a gente já foi, ainda é, não é mais, e sempre vai ser.

Encontro-me em um dilema: Acho que a maior parte da minha adolescência está se eternizando no passado. Já não acho graça de tantas coisas banais, perdi o interesse em tanta ansiedade e em pensar que ainda posso ser um centro. Adolescência egoísta? Pois é, a gente descobre que o mundo é maior do que o nosso próprio quarto.

Muito embora algumas lembranças e talvez até alguns fantasmas adolescentes ainda me cerquem, digo a eles que não posso ficar, que a vida esteve me programando para algo mais grandioso durante esse tempo todo. É como se eu dissesse para esses amores, dissabores ou sei lá o que, que, embora eu ainda não tenha chegado aos 20 anos, sempre estive lutando para ser alguém e a vida nem sempre foi doce, feliz, saborosa e alegre. Tenho um coração que dói de saudade, e é um tipo de saudade que nunca vai ir embora.

Tudo o que sinto é um amadurecimento provido por conta de dor. Dói, a gente cresce. Descobre que as flores murcham, que as pessoas são boas e ruins, mas algumas fazem questão de só revelarem sua parte má. Descobre que tudo vai depender do alvo que a gente mirar e do modo como o mirarmos. Mas tudo isso poderia se tratar de clichê. Quem não sabe que a vida muda, que concretização de objetivos só dependem de nós, que o tempo está passando, que a adolescência vai ir embora em algum momento?

É preciso se despedir. Algumas terapias, bem como alguns livros, me fizeram entender que a gente perde algo todos os dias. Perdemos contatos, oportunidades, objetos, "dinheiro", tempo. Só que na correria do dia-a-dia a gente nem se dá por conta disso, mas é natural. A vida não faria sentido sem perdas - existem seus ganhos equivalentes, mas este texto não trata disso.

Se despedir da adolescência não quer dizer "dias menos felizes, risos menos alegres"... A vida continua sendo sorridente, as brincadeiras sempre vão existir, afinal de contas, a vida não deve ser levada tão a sério. Mas a responsabilidade sim, essa aumenta tão mais, tanto mais, pois esse é o sentido da independência, da conquista de objetivos, de encarar o precipício. De ser alguém.

Não existe data para sabermos que a adolescência deu espaço à maturidade e a responsabilidade. Isso vem da nossa criação, das experiências que vivemos e da nossa vontade de encarar os desafios e novidades que surgem através disso. Mas eu confesso: mais do que a gente querer, a vida é que parece nos chamar e avisar que esse momento chegou.

Eu pinto as unhas como voto de não roê-las, entretanto, minha vontade não se concretiza. Esse resquício de ansiedade, bem como outras manias estão incrustados no meu ser e definem a minha identidade: irão me acompanhar pela vida inteira.

Beijo,C

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