segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Quanto cabe no seu abraço? - Por Felipe Sandrin.

 "Andamos por aí, observando superficialmente como se o fizéssemos em detalhes. Eles brigam? São um casal infeliz. Beijam-se? Então há amor de sobra.
Corro à beira-mar todos os dias, como uma terapia, uma forma de aplacar qualquer sensação que não me permita estar em corpo e alma aqui. Beira uma saudade curiosa e prazerosa junto à certeza de que estou onde queria, onde deveria estar.

Com estranhea prndo nas tais pontes invisíveis, nos acasos indestrutíveis. Por exemplo: você muda de Estado, busca novos ares e então, de repente, se depara com alguém que veio do mesmo lugar que você, alguém que morou durante anos perto de você, mas que só viria a conhecer em outra cidade.

Nos quilômetros de calçadão à beira-mae é possível se observar o mundo inteiro, mundos individuais separados pelo acaso, pelo disperdício de não podermos conhecer a fundo cada uma destas pessoas que cruzam todos os dias nosso caminho.
Namorados afastados: fácil notar que tentam se reconciliar ao mesmo tempo em que se repelem. Mais a frente, sentados em um banco tentando separar o som das pequenas ondas que quebram e o ruído ininterrupto dos carros que circulam na avenida, enamorados abraçados como se nunca mais fossem se soltar.

É o contraste da vida. Pessoas que passam por nós sem deixar marcas, outras trazem a sensação de que já as conhecemos. Uma linha continua onde casais que se amam brigam e casais que mal se conheceram amam.
Poderia ser o mundo um pouco menor, ou talvez existirem menos pessoas, sei lá. Creio que seria menos carente esse globo azul se pudéssemos conhecer melhor uns aos outros, e não somente termos de interpretar a todo o momento o que se passa com aquela pessoa que provavelmente nunca mais veremos.

Por isso questiono: quanto cabe em uma calçada, em uma caminhada na praia? Quanto cabe em um único dia de vida, em um primeiro encontro e em uma despedida? Quanto cabe na solidão e quanto vale aquela pessoa que nos faça esquecer que o mundo não é assim tão grande que não possa caber em um simples abraço?"

Texto escrito por Felipe Sandrin, Jornal Serra Nossa 02/12/11.

Beijo, C.

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