segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Peter.

 "Se ele tivesse, ah, se ele tivesse um coração no lugar da frieza polar que carrega entre os pulmões."

Peter era um bom garoto. Ou era isso que seus pais pensavam sobre ele. Desde criança era um pequeno garanhão.
Todas as menininhas do colégio rabiscavam no caderno seus nomes junto ao dele, sonhando com o dia em que ele as notasse e finalmente dissesse que estava gostando delas. Peter nunca dizia nada, mas ele via e sabia que isso acontecia.

Ele tinha vários sonhos quando criança e adolescente. Peter sonhava em transformar tal beleza da qual era portador em algo proveitoso. Queria ser modelo, até mesmo artista de televisão. Queria trabalhar na Globo, fazer par com a Gisele Bundchen. Por que não?

Ele achava que tinha porte para tal sonho, o problema era a vontade. Peter não se entregou à busca porque não se sentia capaz de enfrentar os obstáculos que esta busca lhe traria. Afinal de contas, não seria mais fácil encontrar um emprego mais ou menos e se estabilizar?

Continuou no mesmo lugar. Continuou com sua beleza, conquistando e quebrando corações.
Será que conseguiria ser assim até quando? Até que todas as garotas desistissem dele de vez?

Peter sentia diversão com tal feitio. Era como um hobbie. Nos anos de sua glória em beleza e popularismo, era tudo o que outros garotos poderiam invejar, afinal de contas ele conseguia todas.

Mas hoje, passado tantos anos, se via sozinho. E admitir que a única garota que havia amado de verdade havia o dispensado, era como descobrir que sua família não era biológica - uma tragédia gigantesca e impactante.

Ele já estava na casa dos 20 e ela também. Ele ainda morava na casa da mãe - já que os pais estavam separados - e ela havia mudado de cidade há 2 meses por uma oportunidade de emprego. Ela foi embora dizendo que o passado de Peter a envergonhava e que ele poderia conquistar todas as garotas do mundo, menos ela.

Peter a amava, mas não iria além para conquistá-la. Isso o colocava a pensar se aquilo que existia entre seus pulmões ainda era um coração ou apenas um cubo de gelo.

Beijo, C.

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