quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Tema e voltas/Belo belo - Manuel Bandeira.


Durante essa semana li alguns poemas de Manuel Bandeira no livro "Meus poemas preferidos".
Aqui vai dois dos tantos que gostei:

Tema e voltas.
Mas para quê tanto sofrimento, se nos céus há o lento deslizar da noite?
Mas para quê tanto sofrimento, se lá fora o vento é um canto da noite?
Mas para quê tanto sofrimento, se agora, ao relento, cheira a flor da noite?
Mas para quê tanto sofrimento, se o meu pensamento é livre na noite?


Belo Belo.
Belo belo belo, tenho tudo quanto quero.
Tenho o fogo de constelações extintas há milênios.
E o risco brevíssimo - que foi? Passou! - de tantas estrelas cadentes.
A aurora apaga-se, e eu guardo as mais puras lágrimas da aurora.
O dia vem, e dia adentro continuo a possuir o segredo grande da noite.
Belo, belo, belo, tenho tudo quanto quero.
Não quero o êxtase nem os tormentos.
Não quero o que a terra só dá com trabalho.
As dádivas dos anjos são inaproveitáveis:
Os anjos não compreendem homens.
Não quero amar,
Não quero ser amado,
Não quero combater,
Não quero ser soldado.
- Quero a delícia de poder sentir as coisas mais simples.

Beijo, C.

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