Alguns momentos e alguns sentimentos em relação à isso eu prefiro guardar só comigo. Acho que poucos eram os que entendiam - ou pelo menos era assim que eu via - quando toda a trágica história aconteceu. E talvez eu saiba que muitas pessoas ainda não entendam - claro, elas sabem o que significa morrer, mas não acho que saibam realmente o que é perder alguém nesse sentido.
Com o tempo a dor e a saudade sofreram mutações e a aceitação também começou a fazer parte. Nos primeiros meses depois que ele tinha falecido, sonhava continuamente que ele ainda estava vivo, que de alguma forma iria voltar. Eu ainda tenho sonhos desse tipo, mas no próprio sonho sou capaz de compreender que em algum momento ele vai ter de ir embora, outra vez.
Eu guardo os momentos que vivi, as histórias e os detalhes que surgem quando ouço alguma palavra que ele costumava dizer ou quando vou há algum lugar em que costumava ir com ele. Ou, até mesmo, sinto saudades quando encontro alguém que tenha algum traço que lembre a fisionomia dele. Mas talvez hoje o que pese mais é não poder compartilhar as tantas novidades que tenho, os momentos que estou vivendo e as pessoas que estou conhecendo como sempre compartilhava com o meu pai.
Hoje ele estaria completando mais um ano de vida, acho que ele compraria uma torta e nós comemoraríamos esse dia feliz juntos. Provavelmente ele me contaria dos próximos planos de viagem dele, perguntando se eu teria férias para ir junto, e tudo estaria bem, outra vez.
Feliz aniversário.
Eu te amo, pai.
Beijo, C.
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