terça-feira, 16 de outubro de 2012

Noite em claro.


Eu lutava com os ponteiros do relógio para que fizessem com que  a noite acabasse logo.
Nunca desejei tanto que outro dia chegasse, que o sol voltasse a brincar de pique-esconde comigo, levando embora o desejo constante daquele último abraço. Ou teria sido aquele último beijo?

Eu lutava com a constância do tempo, que sempre me dizia que as coisas aconteceriam em sua devida ordem natural.
Eu desejava, brigava, enfurecia. E o tempo continuava a tamborilar pelos meus anseios.
"Horas! Passem", meu apelo. Então um sonho em formato de desejo veio me encontrar, o vento soprou mais forte pela janela. Era a sequência natural da vida me dizendo: "Pare".

Por mais assustador que o pico da noite poderia ser, abri a janela e dei de encontro com a lua. Tão linda. Estrelas, também, tão brilhantes. Fagulhas de diamantes, pareciam. Lembrei mais uma vez do ressentimento, da história que não é mais minha.
Secretamente me perguntei: "-Terminou?"

Uma lufada de vento veio de encontro ao meu rosto. Era a resposta da minha pergunta inquietante que, de fato, chegou ao seu destinatário.
O que o vento queria dizer, acho que imaginei na minha condição inconsequente de uma noite mal dormida.
O que ouvi foi o ressoar do vento me dizendo: "-Ainda não. Ainda estou aqui."

Passei o dia inspirada. Com frases feitas a todo instante. Tudo isso por culpa de um vento que se fez ouvinte, ou as horas do relógio que haviam se tornado minhas maiores inimigas no rastro de uma noite interrompida.

Fechei a janela. E em algum momento adormeci pensando, ou talvez lembrando de memórias hostis, me perdendo entre o real e o imaginário.

Por fim suspirei: "Talvez eu devesse ter mais insônias".

Beijo, C.
www.facebook.com/doceestranhomundodecarol

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