Enquanto espero na parada de ônibus, crianças passam vestindo os uniformes que um dia eu vesti. Olho para elas e em meu cérebro lembranças são ativadas. A cor azul marinho com verde. Quem diria que um dia saudades eu sentiria? Foram os melhores e os piores dias. Entre o querer muito e o nunca mais querer estar lá.
Felizmente o sol voltou hoje, depois de dias tão nublados em que sorrisos ficaram congelados.
Dentro do ônibus passei pela primeira escola em que estudei na vida. Vi mais crianças correndo com o azul marinho e verde que um dia integraram o meu guarda-roupa. Os momentos que vivi lá foram muito significativos. Compuseram a garota que sou hoje.
As memórias vem em flashes, mas lembro de instantes desde o jardim de infância, da garotinha que já tinha se acostumado a observar os arredores, o cotidiano. Pensando agora concluo que tal característica nasceu comigo ou foi uma disciplina que me ensinaram desde os primeiros momentos em que cheguei ao mundo.
As meninas continuam a usar laços rosas, os meninos continuam a correr pelo pátio. Não sei se existe a mesma inocência de quando eu pertencia aos corredores da escola rosa-salmão, não sei se o amor que nasce hoje é tão tímido quanto naquele tempo onde a única coisa que garotos faziam para demonstrar que estavam gostando de uma garota era pegar os pertences dela e ficar mostrando o que haviam pego para que ela tivesse que correr atrás dos meninos e eles se deliciavam sabendo que estavam obtendo atenção da amada. Será que ainda é assim? Os laços cor de rosa continuam, a inocência eu não sei.
Saudades que sempre existem, desde aquilo que queríamos muito ao nunca mais. Um dia também sentirei saudades do momento que vivo agora, do sol que cega meus olhos enquanto a vida acorda nessa manhã de quinta-feira. Possivelmente sentirei saudades desse momento quando ele tiver passado, quando a minha vida se encontrar em outra frequência solar em uma cidade que ainda desconheço.
Beijo, C.
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