sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Eu não sei quem é você.

Leia escutando:

Eu não sei quem é você. Tão pouco te dei atenção logo que você começou o papo comigo, mas sinto que compartilhamos algo. Não sei ainda que nome tem isso - e nem mesmo arrisco se é possível nomear. Como tu mesmo me disseste, "Pra que falar, se o olhar diz tanto?". Me senti ao teu encontro.

Comecei com uma brincadeira. É verdade, curti o seu nome e até achei incomum. "Seu nome tem ar de americano! Que chique". E ao mesmo tempo nós dois citamos o nome daquele cara famoso e você concluiu, "É por causa dele né?". Sorrimos. Criamos um elo de simpatia após os primeiros 15 segundos que conversamos.

Confesso que sou observadora, que costumo querer gravar fisionomias, mas particularmente naquela manhã eu estava fechada para o mundo. Era muito cedo, o tempo estava frio demais. Eu não estava pronta para estar lá, nem queria quebrar mais este paradigma. Por que voltar a conviver com pessoas de tantos lugares, em pleno frio? Era o dia mais frio da última década, estava indo bem demais no meu novo emprego, porém topei ainda assim participar daquele evento. A escolha já tinha sido feita, e é feio desistir em cima da hora. Fui, morrendo de frio, cheia de roupas e fechada para o mundo.

Diga, é comum... A gente sempre encontra pessoas para as quais nós chamamos a atenção, e nós, meros mortais, nem nos damos por conta.
Você chegou com um oi gigante, e o meu primeiro pensamento mundo-fechado foi: "Mas que que esse cara quer? Será que conheço? Só pode estar de brincadeira." Sim, eu costumo ser dessas pessoas carinhosas, sentimentais que sorriem, abraçam, gostam de demonstrar, mas justamente aquelas primeiras horas da manhã eu só queria ficar no meu mundo, só, mesmo rodeada por muitas pessoas. E quando digo muitas, me refiro estar no meio de mais de cinco mil pessoas.

Durante a manhã fui refletindo sobre o tal de oi - isso com certeza marca e desarma. A maioria das pessoas não tem essa coragem de ... chegar-chegando, digamos. E pensei comigo mesma: "Bom, então se chegou dessa maneira, vou dar espaço. Vamos ver quem é e o que quer."

Então descobri o seu nome - você já sabia o meu, pois estava no meu crachá. E aí fiz a brincadeira, te chamei de americano e a simpatia/empatia surgiu. Gostei de você. Pela talvez uma hora completa em que pudemos dialogar, acabei te reconhecendo sonhador. Talvez não tenhas percebido, mas você respondeu muito mais do que perguntou. Quem queria descobrir a pessoa que se escondia por trás do nome de americano era eu, apesar do teu interesse em me descobrir ter surgido primeiro.

Te achei atraente, mas logo me peguei a pensar que isso não era difícil de acontecer a cada garota que pra ti olhasse. Não sabes, mas faz um bom tempo que rostinhos bonitos não me conquistam - esse é um sonho juvenil sem nenhum conteúdo.

Fui te descobrindo e a partir do primeiro julgamento que fiz, acabei me descobrindo certa. És um sonhador. E sonhadores, como bens deve saber, se reconhecem. Talvez por isso é que surgiu aquele instante em que nenhum de nós dois nada disse, mas ao meu lado estava e descobri-te muito perto. Algo ligou. Esse é o silêncio que tu tanto falas, para que existem palavras? O silêncio diz tudo.

Depois daqueles dias, por meio dessas redes sociais modernas e tecnológicas, acabei descobrindo tanto mais de ti, e ainda mais surpresa fiquei ao perceber o quanto nos parecemos e os valores que prezamos. As dores "emocionais" que vivemos atraem outras pessoas que as tem. Como posso dizer? Descobri que já sentiu as dores e a tristeza de perder alguém que muito se ama para o contrário da vida. Vendo isto, eu sei que me entendes. É difícil dizer o adeus eterno a alguém que nunca mais poderemos tocar, conversar, interagir. É singular, só quem vive isso, entende.

Apesar de todas as informações que coli entre conversar e encontrar teus perfis na rede, eu ainda não sei quem és, menino brasileiro com nome de americano. Tens uma alma de artista - e bem o sabes.


Torço pelo destino, o nosso - seja juntos ou separado, como aquele o desejar. Mas confesso-te que naquele foi o momento em que senti que merecemos uma chance de saber se tu és aquele que eu nasci a procura, e se eu sou a garota que tu nascestes buscando. Pois sim, nesse mundo atroz eu continuo acreditando em alma-gêmeas.

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