quarta-feira, 22 de junho de 2011
Resquícios de solidão - Por Felipe Sandrin
Ás vezes esqueço o quanto a solidão é desesperadora. Gosto de esquecer, gosto de esquecê-la, pois é ela realmente enlouquecedora. Basta o dia dos namorados para que se aflore a síndrome do "morrerei só".
Somos o pêndulo de um relógio que marcava segundos, de um relógio que despertava um cuco e que hoje somente decora uma parede, sem ruídos que lembre a outros que o tempo ainda corre. Somos o pêndulo imóvel de um relógio o qual quem consulto apenas o faz para saber horas e não para lembrar vivê-las.
Em noites onde a janela fica entreaberta, posso sentir o vento. Em noite que a cortina não é suficiente para segurar a claridade da lua e a sombra dos insetos que lá fora passam, são nessas noites que mais lembramos a falta de alguém.
Pinte um quadro e o ponha na parede, observe-o todas as noites antes de dormir, veja-o todas as manhãs ao acordar e dentro de um tempo tire-o de lá: você irá notar que nada mais o poderá substituir, nem mesmo o tempo poderá apagá-lo por completo suas lembranças.
Assim são dados momentos em nossa vida, algo tão íntimo, tão fundamental dentro de nossa vaga existência, que passa a ser como uma bússola em meio a nossa selva emocional. Você pode não amar tanto alguém, não gostar tanto de algo, não querer com intensidade, porém a menor diferença que aquilo nos cause poderá ser suficiente para nos tornar dependentes: a parede foi marcada, e ninguém, por melhor que seja, poderá apagar o tempo que doamos a vislumbrar nossa tal "obra de arte emocional".
Porque toda falta tortura, mas também nos ensina; toda perda é sentida. Farelos de vida misturados às areias da ampulheta. Assim é a solidão, uma soma de pequenos grãos, resquícios de quem passou por nossas vidas e nos marcou. É o jeito que nosso labirinto emotivo achou para nos dizer que vale a pena viver, ferir e se sentir ferido, amar e se sentir amado.
Ás vezes, portas erradas levam a respostas certas, ás vezes, precisamos recordar também o que não nos fez bem. Por vezes, precisamos varrer os pequenos fragmentos que nos atormentam para baixo do tapete, esquecer que eles existem até o dia que possamos novamente encontrá-los, lembrar de uma época onde aquilo tudo nos feria e perceber que, sim, ficamos melhores e mais fortes com o nascer de cada novo dia.
Publicado no jornal Serra Nossa, 17/jun/2011, por Felipe Sandrin.
Dedicado para todas as pessoas que eu sinto imensas saudades.
Exclusivamente para meu pai, eu sempre amarei você.
Beijo, C.
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Capacidade Humana
ResponderExcluirSei lá... Só queria desabafar! Ou escrevo ou me silencio para sempre...
Mas... Sabe de uma coisa? Quando resolver o que de fato é "correto" para tua vida olhe para trás, e terá a certeza que não estou lá te esperando... Eu continuei sem você.
http://claudiomoura26.blogspot.com/
Bonito seu comentário ao texto... Mas acho que se não ficou mais esperando é pq realmente não importava... Acho que cada um sabe pesar o que é importante na sua vida e se vale apena esperar por esse alguém ou por essa pessoa.
ResponderExcluirVolte sempre e obrigada por seguir!
beijo C