quarta-feira, 23 de março de 2011

Carta pelo terceirão.


 Faz tempo que não nos escrevemos e eu fiquei com saudade daquelas cartas de uma, duas e, ás vezes, três folhas. Por isso resolvi escrever uma ao acaso e sem nenhuma pretensão, pois sei que talvez essa carta não chegue ao seu destinatário.
Queria tentar resumir tudo aqui; todos os novos sentimentos que esse ano está trazendo a mim e ao mesmo tempo gostaria de mostrar o quanto me sinto feliz por ter te encontrado em minha vida. Uma carta com passado e presente, nostalgias e embaraços.
Eu - e você também - estamos no terceiro ano do ensino médio, nos conhecemos há poucos anos, mas a sensação é que te conheço a vida inteira. O elo que criamos juntas já passou por momentos altíssimos e baixissímos - bem assim, no "superlativo" - aos quais fiz questão de eternizar em meus diários.
Queria que nossas conversas pudessem continuar, queria que nossa amizade pudesse continuar também. Nossa amizade e conversas vão continuar este ano, mas eu penso no que será disso daqui a algum tempo. Ou melhor, daqui a menos de um ano.
Conversar contigo sobre qualquer coisa, passar uns instantes ao seu lado é sentir que estou em casa; numa espécie de lar adotada, escolhida por mim. E a felicidade que acompanha esses momentos é algo que não sei contar em um desenho. Muito menos por uma simplória carta.
Esse ano a nossa amizade continua fisicamente; amizade de presença. Esse ano eu posso te ligar a qualquer hora e dizer: "Vem aqui em casa hoje?" ou "Vem aqui em casa daqui cinco minutos?" e sei que você vai poder vir.
Mas o ano que vem já não pertence a mim no que diz sobre o contexto físico ou de ligações fora de hora e horários sem compromissos.
Nunca me esqueci quando um amigo seu te falou algumas palavras de sabedoria que você fez questão de transmitir à mim: "Aproveite o ensino médio, pois somente ali todo mundo tem como se encontrar todos os dias e não tem trabalho ou faculdade ou compromissos para impedir de se encontrar." Sinto dizer, mas acredito que ele tenha razão. Afinal de contas, eu e você, como todos os outros, vamos saltar do ensino médio para ir em busca do que sonhamos ser/ter.
Eu e você possuímos grandes sonhos e sei que quanto maiores forem os sonhos maiores serão as batalhas, não é mesmo? Mas, minha cara, eu tenho certeza que, apesar de termos um grande desafio ou grandes desafios pela frente, ter grandes sonhos é muito melhor do que limitar-se à pequenos sonhos, pois cada vez mais me dou por conta que a vida é breve.
Sabe aquela sensação que você teve de querer chorar depois de ouvir sobre como será nossa vida daqui há alguns meses? Eu me senti da mesma maneira. O terceiro ano do ensino médio está me parecendo uma loucura! Todos que realmente querem fazer ou ser algo na vida se sentem de alguma maneira pressionados por aqueles que já viveram e já passaram por aquilo que nós iremos passar.
Nem dá para explicar muito bem, eu acho. Só sei que quem está no terceiro ano e ainda não amadureceu, a partir de hoje vai começar a amadurecer. Engraçado, parece tudo ter mudado da noite pro dia... E a mente da pessoa fica uma confusão danada!
Será que vou ir para a UCS? UFRGS? Unisinos? UFSM? FURG? Ou outra?
Seja qual delas for nosso destino, sei que estaremos em nossa trilha, no caminho de nossos sonhos.
Parece uma carta de despedida. Estranho como anseio em adiantar finais.
Na verdade acho que apenas só os adianto para que eu possa lembrar que ainda estou no início, assim podendo aproveitar enquanto estou "começando" o ano final.
De peito aberto e coração à deriva gostaria que realmente nossa amizade durasse. Sabe aquelas amizades que as vezes passam na tv de amigos de 30, 40 anos, de uma vida inteira? Eu gostaria que fosse assim a amizade que tenho contigo. Que sempre houvesse tempo para uma conversa de dez minutos, que mesmo que uma esteja em POA e outra em BG haja o interurbano, que mesmo que um dia uma esteja fazendo uma reportagem na Europa e outra esteja cuidando de um julgamento nos Estados Unidos haja o intercontinental.
Que haja sempre uma ponta de saudade forte o suficiente para que sempre haja vontade de se encontrar novamente ou de procurar o número no celular e ligar para dar um oi ou mandar uma simples mensagem dizendo "I miss you" ou simplesmente "IMY".
Terceiro ano com certeza é um ano diferente. É o último de uma etapa. Trás tensão e mexe conosco de tal forma que desloca alguns pensamentos e trás sensações nunca experimentadas.
Mas, como sempre dizia meu pai, : "Tudo vai dar certo". E eu complemento: "Mesmo que o certo esteja meio dificil de ser visto no momento."

Originalmente escrito em 03.03.11
Texto dedicado à todas as amizades que eu fiz no colegial e que gostaria de manter contato a vida inteira.
Beijo, C.

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