Aos poucos fui falando teus "essês" alongados no final de palavras no plural e teus "es" transmitidos oralmente em forma de is.
Aos poucos fui copiando algumas caracteristícas da sua escrita, com os "gês" constituídos de uma grafia mais fina e alongada e os "essês" que sempre terminam com um risco no final, como se fossem dar continuação à uma frase quando o que existe é um ponto final. O D maiúsculo que eu escrevo agora mudou por total, e este também agreguei do convívio contigo.
Aos poucos também levei teu sotaque em consideração, as gírias um pouco diferentes e o "cê" ao invés de você ou o "tu" - que faz parte do meu sangue de gaúcha antes mesmo que meus pais pudessem ter planejado a minha vinda ao mundo.
Em pouco tempo fui me agregando ao teu mundo e você foi se integrando ao meu. Acho que me identifiquei desde o começo. É claro que não em tudo e nem o tempo todo, mas em vários momentos e em vários aspectos, eu diria também.
Me vi copiando algumas das tuas ideias, do teu padrão e da tua percepção de vida.
Aos poucos, aos poucos ou talvez a verdade é que tenha sido rapidamente que eu tenha me integrado a este conceito, a esta ordem diferente que existe em ti.
Compreendi que conviver com alguém acaba tendo como consequência integrar a pessoa ao que somos. Copiamos um gesto, uma gíria, mudamos percepções e costumes, também. É algo sem aviso prévio, quando percebemos algo característico daquela pessoa já está fazendo parte do nosso jeito, e vice-versa.
É a essência da convivência.
Beijo, C.
Texto escrito dedicado a alguém.
Nenhum comentário:
Postar um comentário