"Afirme: você não amou! E eu irei remoer argumentos para
provar que não só amei, como ainda amo. Agora, caso questione: você já amou? Eu
responderei sobre gestos gelados: não conheço o sentimento do amor. Conheço o
da paixão, do desejo, do querer alguém acima de tudo. Poderia ser amor, mas
quando penso que só desejo essa pessoa feliz se for comigo, percebo que não é
amor, mas sim o velho egoísmo trivial humano.
Os ventos quentes me inspiram. A garota que observo ao longe
sem saber-se desejada, a garoa fina que faz os pais correrem buscar os filhos,
os quais seguem a brincar ainda mais alegres. Tudo inspira uma mente inquieta.
[...] Fascinantes somos nós tentando interagir. Darwin afirmava
que sobreviver nada tinha a ver com força, mas sim com adaptação. Qualidade
formidável essa de se adequar ao meio, vocês não acham? As pessoas mais
brilhantes que conheço são assim, sobrevivem e constroem em meio ao que faria
outros se autodestruiem.
Interessante como cabe tanto dentro de cada um. Sabe, para
alguns, animais de concreto representam a interpretação vida, para outros, a
morte do natural. Para alguns a internet é fundamental. Para outro: “O que é
essa tal internet?”. Para alguns é apenas a multidão, já para outros é aquela
garota, sozinha, indo embora, mas deixando a frustração: por que não tentei me
aproximar e conversar com ela?
Ainda que submissos à nossa natureza, existem diferenças em
cada um de nós, assim tememos o próximo e receamos nos aproximar. Eis a
dificuldade aflitiva do “amar”, entender e distinguir o amor pelo desejo ou
pelo desejado.
O bom é conciliar, tentar não cobrar tanto, ver tudo com
olhar negativo, no entanto, ao mesmo tempo não deixar a malemolência capciosa
raptar os sentidos que nos fazem evoluir.
É preciso estar sereno para entender que deixar a garota não
é o fim do mundo, mais deixar o erro se repetir pode ser nossa maior perda."
Texto escrito por Felipe Sandrin, publicado no Jornal Serra Nossa, edição
do dia 20/01/12
Beijo, C.
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