sábado, 28 de janeiro de 2012

Corações de concreto - Por Felipe Sandrin


 "Afirme: você não amou! E eu irei remoer argumentos para provar que não só amei, como ainda amo. Agora, caso questione: você já amou? Eu responderei sobre gestos gelados: não conheço o sentimento do amor. Conheço o da paixão, do desejo, do querer alguém acima de tudo. Poderia ser amor, mas quando penso que só desejo essa pessoa feliz se for comigo, percebo que não é amor, mas sim o velho egoísmo trivial humano.

Os ventos quentes me inspiram. A garota que observo ao longe sem saber-se desejada, a garoa fina que faz os pais correrem buscar os filhos, os quais seguem a brincar ainda mais alegres. Tudo inspira uma mente inquieta.

[...] Fascinantes somos nós tentando interagir. Darwin afirmava que sobreviver nada tinha a ver com força, mas sim com adaptação. Qualidade formidável essa de se adequar ao meio, vocês não acham? As pessoas mais brilhantes que conheço são assim, sobrevivem e constroem em meio ao que faria outros se autodestruiem.

Interessante como cabe tanto dentro de cada um. Sabe, para alguns, animais de concreto representam a interpretação vida, para outros, a morte do natural. Para alguns a internet é fundamental. Para outro: “O que é essa tal internet?”. Para alguns é apenas a multidão, já para outros é aquela garota, sozinha, indo embora, mas deixando a frustração: por que não tentei me aproximar e conversar com ela?

Ainda que submissos à nossa natureza, existem diferenças em cada um de nós, assim tememos o próximo e receamos nos aproximar. Eis a dificuldade aflitiva do “amar”, entender e distinguir o amor pelo desejo ou pelo desejado.

O bom é conciliar, tentar não cobrar tanto, ver tudo com olhar negativo, no entanto, ao mesmo tempo não deixar a malemolência capciosa raptar os sentidos que nos fazem evoluir.
É preciso estar sereno para entender que deixar a garota não é o fim do mundo, mais deixar o erro se repetir pode ser nossa maior perda."

Texto escrito por Felipe Sandrin, publicado no Jornal Serra Nossa, edição do dia 20/01/12

Beijo, C.

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